Responsabilidade social não depende de grandes investimentos, mas de vontade e motivação
A Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) desenvolve e estimula a realização de ações de cunho, social, ambiental e cultural. A mais recente é a coleta de lixo eletrônico que vem sendo desenvolvida, por meio do Núcleo das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (NTIC). Nesta entrevista, a diretora da entidade, Isabel Cristina Trierveiler Machado, fala de forma ampla sobre a importância da responsabilidade social por parte das empresas
Isabel é natural de Erechim (RS), tem 48 anos de idade, casada com Ronald Machado, mãe de Ismael e Thiago. Graduou-se em letras (português e inglês). É especialista em comunicação integrada em marketing, em responsabilidade social-empresarial e em gestão de pessoas. É gerente de comunicação da Coopercentral Aurora Alimentos, presidente da Fundação Aury Luiz Bodanese e professora da UCEFF Faculdades.
As empresas brasileiras de grande porte estão desenvolvendo ações de responsabilidade social há mais de 30 anos. Qual a inspiração dessas empresas para essas ações?
Isabel – Acredito que as empresas, independente do tamanho, têm uma preocupação com a responsabilidade social. As organizações precisam se preocupar, não apenas com a sociedade, mas também com o quadro de colaboradores, e seus familiares. A gente vem numa crescente nos últimos 30 anos e todos ganham com isso, porque, a partir do momento que várias empresas e organizações se mobilizam, a sociedade acaba ganhando.
Essas ações são exclusivas de grandes empresas e conglomerados? De que modo as empresas de pequeno porte podem desenvolver ações semelhantes?
Isabel – Talvez as grandes empresas divulguem um pouco mais as ações que desenvolvem, mas não significa que as pequenas não façam. Hoje, se percebe isso um pouco com mais clareza. A grande questão da responsabilidade social é decidir um foco de acordo com a realidade e necessidades da comunidade onde a empresa está inserida. O importante é começar e incentivar os colaboradores. Depois que estão todos motivados, percebemos que o negócio só anda.
Na sua opinião, o empresário deve considerar a comunidade regional envolvente como extensão de sua organização, buscando conhecer e solucionar os problemas coletivos ali existentes?
Isabel – Sim. Acredito que quando uma organização está inserida numa comunidade, ela afeta essa comunidade e também é afetada por ela de alguma forma. Por isso, é importante conhecer e se preocupar com o que acontece nesse local onde está inserida, para poder ajudar e se sentir parte dela. Deve haver uma interação entre empresa e comunidade. Embora, a gente saiba que isso deveria ser responsabilidade dos governos, em função dos impostos que são gerados, acabamos fazendo a nossa parte. A final, somos cidadãos e participamos na sociedade. Temos que contribuir e fazer a nossa parte.
Como gestora da Fundação Aury Luiz Bodanese, reconhecida por seus bem-sucedidos programas sociais, que orientações daria para as empresas e organizações que desejam ingressar nessa atividade?
Isabel – Acredito que estar à frente de uma organização como a Fundação, que tem uma empresa por trás e que dá todo o suporte necessário, é muito valoroso. A orientação é mesmo conhecer a comunidade onde a empresa está inserida. Às vezes não precisa de muito dinheiro ou investimento. Às vezes, apenas com apoio a ações que a comunidade precisa para resolver junto aos órgãos competentes, pode ser alguma melhoria para o bairro. Se as empresas e as pessoas realmente tiverem a vontade e arregaçarem as mangas, as coisas vão acontecer.
Como fazer para que as legítimas ações de responsabilidade social não sejam confundidas com tentativas de promoção de imagem, marketing e relações públicas?
Isabel – Não precisamos ficar nos vender e agregar valor ao produto com a responsabilidade social. É necessário que seja tudo muito natural. As ações precisam ser verdadeiras e concretas. O que é falso tem pouca durabilidade. Quando se faz pensando somente no marketing, no fundo, acaba perdendo. Daí não ganha ninguém. Se fizer um trabalho ético e transparente terá reconhecimento da comunidade e dos órgãos competentes. O marketing virá espontaneamente.
Pequenas atividades, sintonizadas com as necessidades da comunidade, são muito importantes localmente. Pensando nisso, que sugestões de atividades daria aos empresários que desejam agir socialmente?
Isabel – A ACIC desenvolve várias ações que de alguma forma as empresas podem se inserir e realizar ações de responsabilidade social. Uma delas, iniciada neste mês, é o incentivo à coleta de lixo eletrônico. É uma forma de pensar nas gerações futuras, diminuir a poluição e contribuir com a sociedade.
Fonte: MB Comunicação